quarta-feira, 31 de março de 2010

juan ramón jimenez

biografia:

Juan Ramón Jiménez nasceu em Moguer, no sul da Andaluzia, em 23 de Dezembro de 1881, filho mais novo de uma família abastada. Em 1983 Juan Ramón foi como aluno interno para o colégio de jesuítas do porto de Santa Maria (C´dis), onde fez os estudos secundários até 1896. Aí escreveu os primeiros versos. No Outono de 1896 foi para Sevilha estudar Direito, por vontade paterna, e pintura, por gosto próprio. Começou a ler os poetas espanhóis mais famosos da época: Gustavo Adolfo Bécquer, Rosalía de Castro, Curros Enríquez, e românticos franceses e alemães.

De regresso a Moguer, em 1899, correspondeu-se com Salvador Rueda - poeta introdutor do modernismo em Espanha - e Francisco Villaespesa, que abriu a Jun Ramón as portas da vida literária da capital, onde o modernismo começava a triunfar. Deslocou-se para a Madrid em Abril de 1900, ocorrendo pouco tempo depois a morte repentina do seu pai, que lhe causou um traumatismo para toda a vida: o pavor da morte súbita e o consequente desejo de ter sempre próximo de si um médico. No princípio de 1905 voltou para Moguer, dominado por implacável neurose, em busca de repouso e ternura familiar.

Em 1913 conheceu Zenobia Camprubí Aymar, mulher graciosa, culta, de espírito sensível e apaixonada pelo poeta e pela sua obra, com quem casou em 1916. O amor e o casamento tornam-se então motivos para um dos melhores livros de Juan Ramón, Diario de un poeta recién casado.

Depois de sucessivas viagens e hospitalizações por motivo das frequentes depressões nervosas do poeta, Juan Ramón e Zenobia mudam-se para Porto Rico. O poeta ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1956, morreu a 29 de Maio de 1958.

* * *

Escrever sobre Juan Ramón Jímenez obriga a falar de modernismo: a sua poesia foi, no começo, influenciada pelo movimento e fez depois evoluir o modernismo espanhol. Assim iniciada, a poesia de Juan Ramón começou por obedecer às leis deste amplo movimento: um esteticismo de raiz romântica, predominantemente sentimental, em que o eu é quase sempre o centro do poema, com os seus lamentos, uma visão idílica da natureza, uma sensualidade difusa, paisagens que são reflexo do seu espírito inquieto e por vezes mórbido, da consciência que lhe revela a transitoriedade humana, o abismo da beleza inatingível indiferente a essa transitoriedade. No entanto, o trabalho de Juan Ramón - este ciente de que só a beleza poderia vencer a morte e que a sua própria morte só seria vencida quando ele completasse a sua obra - prossegue em busca da perfeição, entre avanços e repetições. A sua poesia era testemunho de uma profunda inquietação, uma sede terrível que nada poderia saciar, e que se fecha no seu ponto mais alto do conhecimento: o de um Deus por ele alcançado através da beleza que, através de uma luta obsessiva de toda a a sua vida, descobriu e revelou na poesia.

logo a baixo você verá alguns poemas criados por ele:

exótica

eu não voltarei

"par délicatesse / j'ai perdu ma vie" - Rimbaud

os caminhos desta tarde

regresso

mãos

tarde

apenas a luz da tarde

primavera

jardim

sinto, quando me dás

raízes e asas

nocturno sonhado

atira a pedra de hoje

outono corporal

às vezes, sinto

outonado

tua nudez

redondez

nessa luz

todas as nuvens ardem

a forma que me resta

os pássaros de eu sei onde

tal como estavas

com tua voz

nada

acção

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